Foi também discutida a razão pela qual identificamos os E.U.A e Brasil como países muito nacionalistas. Existe uma relação entre a data em que esses países foram instaurados e a sua carga nacionalista. Quanto mais recente o país, maior a necessidade de fabricar uma identidade nacionalista para unir a população.
No momento seguinte abordámos novamente a separação das disciplinas da Geografia e História que ocorreu no dia 20 de outubro de 1888. Esta independência agradou tanto a geógrafos e professores de história como ao próprio governo que queria promover uma visão do império português. É posta em prática então uma reforma com o intuito de se estudar as colónias. Começa-se assim a dar destaque às colónias, mantendo sempre presente o discurso nacionalista, dada a importância de não restarem dúvidas de que aquele era território português.
Por fim entendemos que a Geografia transfigura-se conforme as ideologias políticas da época. Isto não é uma surpresa já que o ensino concordará com as ideologias dos ministros que o gerem, e por consequência toda a ciência será afetada. A geografia não é exceção nem que seja pela carga nacionalista do regime ideológico.
Em 1905 a Geografia separa-se novamente da disciplina de história, dando a ideia de valorização da mesma.
Já com a Primeira República observou-se uma desvalorização da disciplina de Geografia. O foco foi principalmente nas, disciplinas de português e história. Em consonância com esta desvalorização, em 1930 a disciplina de ciências da natureza engloba a Geografia. As relações coloniais são o principal promotor da Geografia. A escola colonial, que pretendia formar quadros superiores para as colónias, estava sediada na sociedade de geografia de Lisboa.
O período Salazarista, dá destaque à História e Geografia, dada a sua ideologia profundamente nacionalista. Como já foi discutido neste blogue, a aposta na geografia e na história está fortemente ligada à identidade nacional e por consequência são promovidas regimes nacionalistas.
O pós-Segunda Guerra Mundial, trouxe um espírito anticolonialista, uma ansiedade de paz. Em 1961 começam as guerras coloniais. Nos anos 1968-69, em Portugal, o regime responde a este movimentos substituindo as ciências Geográfico Naturais pela História e Geografia de Portugal. Esta tinha como objetivo exaltar o vasto território português que incluía as colónias formando jovens pro colonialismo.
O 25 de abril olha com desconfiança para a História e Geografia. A sua associação a regimes nacionalistas por todo o mundo, como o plano expansionista da Alemanha nazi, mas especialmente durante o estado novo, fornece-lhes esta má fama. Foi então criada uma alternativa à geografia, nascendo as disciplinas "Ciências Sociais" e "Ciências do ambiente".
A Geografia é reintroduzida nas escolas portuguesas em 1977-78. Uma disciplina tradicional com base na memorização. Em 1987, com o receio da subsistência da disciplina, é fundada a Associação de Professores de Geografia. A adesão de Portugal à CEE promove a reforma curricular de 1989 que pretendia promover o europeísmo. Para tal o 7.º ano passou a dedicar-se ao estudo da Europa, o 8.º ano não tinha Geografia e o 9.º ano abordava a Geografia Mundial.
O ano de 1992 pressupõe uma tentativa de reforma com terminologias novas nos programas, tais como, atitudes/valores, capacidades/competências e conhecimentos, tal como encontramos nas aprendizagens essenciais (programa atual). Os professores reivindicam o estudo de Portugal, e perante este protesto, a Geografia do ensino secundário passa a abordar Portugal.
A partir de 2001 ganha força ensino por competências em detrimento dos conteúdos. Algo que no meu entender deve ser o foco do ensino, principalmente de uma disciplina com a Geografia, em que o principal objetivo deve ser formar cidadãos capazes de enfrentar os desafios de uma sociedade cada vez mais complexa. As competências vão ser indispensáveis aos alunos, promovendo a componente prática das disciplinas, para simular cenários reais. Os conhecimentos, por si só, são enchimento para cérebros cansados.
Em 2007 é criado o mestrado em ensino de história e Geografia, o que desvalorizou as duas disciplinas, por não haver uma formação específica para cada uma delas. Nesta fase os professores não ensinavam conforme o desenvolvimento de competências. No ano de 2010 são apresentadas as metas de aprendizagem, mais focadas nos resultados do que nas aprendizagens.
A separação entre Mestrado em Ensino de História e o Mestrado em Ensino de Geografia ocorre em 2011.
Atualmente estão em vigor as aprendizagens essenciais e o perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória, documentos que vão ao encontro daquele que eu idealizo como o melhor ensino possível. Ainda assim esse ensino ainda não se concretizou, resta saber como colocá-lo em prática, algo que os documentos por si só não conseguiram.
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