Alheira e Carne de porco à Alentejana
A terceira sessão de IPPII decorreu no dia 04/10/2022 e iniciou-se com um esclarecimento de dúvidas por parte do Professor Sérgio relacionadas com a componente de estágio da unidade curricular IPPII. O Professor referiu ainda a urgência de, enquanto futuros professores, substituirmos a palavra "matéria" por "conteúdos". Ainda durante o esclarecimento de dúvidas questionei o Professor sobre a possibilidade de uma planificação de médio prazo detalhada poder substituir as planificações de aula, uma vez que todas as minhas aulas teriam uma sequência lógica. O professor respondeu negativamente já que a planificação de aula deve pressupor uma descrição quase exaustiva dos momentos da aula, algo que seria dificilmente conseguido numa planificação de médio prazo. Ainda assim, quanto mais detalhado for o plano a médio prazo, mais rápida será a elaboração das planificações de aula.
O Festival Internacional de Geografia, realizado em França, ocorrera no fim de semana que antecedeu esta sessão, no qual o Professor Sérgio esteve presente. A geografia também já teve uma festa dedicada na cidade de Mirandela. Porquê (questionou o Professor)? Perante o silêncio na sala, o professor lançou outra questão. Qual a origem da Carne de Porco à Alentejana?
Este tão tradicional prato alentejano tem origem na reconquista cristã. Depois da reconquista do Alentejo, havia um desafio para os cristãos, aferir se o povo estava realmente em consonância com as crenças da sua religião e não da muçulmana. Para assegurar que tal acontecia foi incutida a carne de porco, já que os muçulmanos não comem carne de porco. Assim, quem se recusasse a comer carne de porco eram imediatamente associados ao islamismo e seriam punidos. Infelizmente não há religiões virgens de atrocidades.
Continuando na senda da gastronomia portuguesa, surge uma nova questão. Qual a origem das Alheiras de Mirandela? A alheira está associada aos judeus, assim como no exemplo anterior, os cristãos queriam aferir quem seguia a sua religião. Desta forma os judeus, para ludibriar os cristãos, criaram alheiras, feitas com frango e não de porco como os enchidos que deveriam comer. As alheiras são originárias de Vinhais, contudo durante o seu transporte até Lisboa, o comboio em 1856 ficava muito tempo parado em Mirandela. Desta forma, as alheiras eram aí carimbadas, e chegadas a Lisboa, começaram a ser reconhecidas como as Alheiras de Mirandela.
Em relação à questão inicial, o porquê de ter existido a festa da geografia em Mirandela, Luciano Cordeiro (1844-1900) é a resposta. Este foi um importante escritor, político, historiador e geógrafo português, nascido em Mirandela. Fundador da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1875, e da Carris. A cidade de Mirandela, com a intenção de criar um evento cultural que projetasse a cidade e que atraísse pessoas, aproveitou o reconhecimento de Luciano Cordeiro na cidade e aliando a geografia, surgiu assim a Festa da Geografia. A Universidade de Lisboa e o Centro de Estudos Geográficos (CEG) apoiaram este festa. Esta decorreu apenas entre 2008 e 2010. Em 2019 houve reedição, dedicada ao estudo do território.
Relativamente ao Festival Internacional de Geografia deste ano, realizou-se em França, mais concretamente em Saint Dié des Vosges, uma pequena cidade no nordeste de França. Aqui, em 1507, um grupo de humanistas europeus elaboraram um mapa do mundo. Neste mapa, foi identificado pela primeira vez o nome de "América". Este tem origem no nome Américo Vespúcio (1451-1512), mercador, navegador, escritor e cartógrafo italiano, figura importante nos Descobrimentos. Em 1501, Américo numa das suas viagens repara que Cristóvão Colombo, por engano, descobriu outro continente e não a Índia. Tal descoberta deu a Américo o privilégio de dar nome a esse "novo" continente, a América.
Na segunda parte da sessão, ainda no exterior da sala, o Professor juntou-nos perto de um mapa exposto no IGOT. É um mapa de Portugal, gravado numa pedra, que servia como carimbo, como uma forma de "imprimir" mapas. Segundo o Professor, uma destas pedras permitia produzir cerca de 10 000 mapas em papel.
Fontes Pereira de Melo, o primeiro Ministro das Obras Públicas, aumentou o número de estradas, construiu o primeiro troço de caminho de ferro (Lisboa-Carregado) e desenvolveu a primeira linha telegráfica. O seu período como ministro das obras públicas ficou conhecida como "Fontismo". Deste modo, surgiu a necessidade do ensino da geografia.
Em 1888, a geografia torna-se independente da história em Portugal.
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